28.4.08

VIRADO

A distância da censura seria o único controle remoto afetivo. E que apertasse forte os botões, que a pilha já tinha tempos.
Teu rosto, teus olhos, teu tudo em meu mundo. Uma fome profunda, uma quase gastura, e eu, à espreita do melhor dos banquetes, me entupia de pão e manteiga.
Já eu soçobrava.
Meu desespero mudo e medroso. O flagelo de sentir tão perto teu cheiro, e nem sinal de fragrância. Teus humores ressabiados, teus não saberes bem disfarçados. Tua insegurança plena, tua carne viva.
Teu chamego e, ainda assim, minha dúvida, meu não querer estragar o momento, como se o momento existisse... como se a vida não estivesse mais adiante, lá onde tudo acontece de verdade, sem tela nem página, a vida mesmo, quente e crua.

Se não fosse minha zelosa noção do ridículo... tudo teria virado!