27.4.05

AUTO ESTIMA

Ser bom em algumas coisas convém. Pelo menos em algumas coisas.
Um dos fatores que mais me incentivou a brigar pela vida afora, tentando ser bom em algumas coisas, foi uma baixa auto estima que considero genética. Foi a auto avaliação péssima, sempre insatisfeita com os resultados, a responsável por me fazer tentar melhorar, sempre. Mesmo quando já estava bom.

19.4.05

PRECIPÍCIO

Imagine que você, de repente, acorde de pé em cima de uma esteira rolante, flutuando, no nada, por sobre um precipício. Sem alças para segurar, sem apoio para descansar - apenas você, a esteira rolando e a altura do precipício. Por quanto tempo você resistiria? Tentaria caminhar até o fim das suas forças? Desistiria logo e deixaria-se cair?
Quanto tempo?

6.4.05

RIMA

Pediram que calasse, e que não ousasse dizer coisa qualquer.
Uma tristeza de poucos ais, uma alegria calma, um suor sem gastura. Não.
Que não fosse por dinheiro, por poder, que não fosse por mulher.
Que não gritasse por uma unha quebrada, um joelho ralado, um vermelho na urina.
Que fosse amargura, úlcera péptica, câncer terminal. Que suplicasse morfina.

Pediram que fosse ao fundo, que trouxesse arsênico entre os dentes.
Que desafiasse o bom senso, o comum, o médio, o mundo.
Que não pensasse em amigos, colegas, amantes, parentes.
Que soubesse bem onde meter o rabo, e escolhesse apenas a dor.
Porque, no final, só haveria a única, a rima: amor.