16.1.06

REPENTINAS

Senhores, com licença, a vida é minha; e mesmo se não fosse.
Poupem seu rico dinheirinho, não sou de amabilidades.
E faço questão de não fazer questão nenhuma
de estar com quem quer que seja, nem comigo
nem com quem me queira.
Apenas quero o rosto, o corpo, o couro, o sonho, o reto

Não me venha com meninices
que o verão mais se presta a sandices
sendo esperto cê sucede
e vence - até - o sucesso
mas na briga, vale a força, não a malandragem
Seja na gafe, seja no buffet, seja no boteco
Só vou persuadir quem estiver de saco cheio
Porque opinião não tem início, nem fim
só tem meio

De me virar já fiz galhofa

10.1.06

DIABETES

Uma diabetes na alma.
Um couro que não cicatriza, que não esquece. Que não cria calos, os bolsões de esquecimento.
Um sangramento, em ferida aberta constante, como se o corpo não se defendesse mais. Como se houvesse desistido, justo agora. Ou como se não merecesse mais nada, justo agora.
A dor da solidão era menos cortante.