PLATÔNICO
Também não é platônico dizer que a linguagem só serve
a comunicar uma cópia - mal feita - das afetações?
Que é a porta do mal entendido? Que o homem a habita,
nela não se contemplando, contudo?
Que a única confiança é de si para si, e que o outro é, não inferno,
mas dissimulação?
Que entre o saber de ofício e o dizer explícito
há mais do que sonharam nossas vãs sabedorias?
Também não é platônico?
27.7.05
14.7.05
7.7.05
PADRE
Já de volta pro confessionário, sua malcriada! Tem pena do padre lá esfolando os joelhos, não?!
Vai, cospe esse chiclete no lixo e volta lá.
Ora, agora essa... Não te dei educação? Eu vou enfiar essa língua de volta na tua boca e vai ser na marra. Chega de pular assim, besta, tá aparecendo a calçola!
Sai daí! O que você tá fazendo, criatura?!
Desce já desse altar!
Não faz essa cara que aqui não é a zona, desalmada!
Baixa esse vestido, trolha de Deus!! Não mexe na calçola!! Deus do céu!!
Tira a mão da racha, putaquipariu!!
Que qué isso, virgem santíssima?!?! Pelo amor de Deus, pára com isso!
Caralho, cê tá mijando no altar! Maria reverendíssima, tende piedade!
Cê tá rebolando por quê, diacha?! O mijo tá escorrendo até o pé de São João da Cruz, lazarenta! Tu tá fedendo o pé do santo...
Não! Não caga, porra! Tu vai pros quintos dos infernos!!
Pára de chutar essa merda na minha cara! Põe essa roupa! Eu vou te matar, sua maldita!
Impura! Condenada! Blasfema!
Padre!! Padre!! Socorre aqui, santo homem!! A Diléia tá variando!!
Padre! Padre!
Padre?!
Tava batendo punheta, cacete?!
Já de volta pro confessionário, sua malcriada! Tem pena do padre lá esfolando os joelhos, não?!
Vai, cospe esse chiclete no lixo e volta lá.
Ora, agora essa... Não te dei educação? Eu vou enfiar essa língua de volta na tua boca e vai ser na marra. Chega de pular assim, besta, tá aparecendo a calçola!
Sai daí! O que você tá fazendo, criatura?!
Desce já desse altar!
Não faz essa cara que aqui não é a zona, desalmada!
Baixa esse vestido, trolha de Deus!! Não mexe na calçola!! Deus do céu!!
Tira a mão da racha, putaquipariu!!
Que qué isso, virgem santíssima?!?! Pelo amor de Deus, pára com isso!
Caralho, cê tá mijando no altar! Maria reverendíssima, tende piedade!
Cê tá rebolando por quê, diacha?! O mijo tá escorrendo até o pé de São João da Cruz, lazarenta! Tu tá fedendo o pé do santo...
Não! Não caga, porra! Tu vai pros quintos dos infernos!!
Pára de chutar essa merda na minha cara! Põe essa roupa! Eu vou te matar, sua maldita!
Impura! Condenada! Blasfema!
Padre!! Padre!! Socorre aqui, santo homem!! A Diléia tá variando!!
Padre! Padre!
Padre?!
Tava batendo punheta, cacete?!
6.7.05
5.7.05
AUTO-ANÁLISE
Freudiano como não sou, talvez demande, ainda assim, uma auto-análise. As análises bem se prestam a tratar inicialmente emergências muito enredadas.
Depois, há que se buscar o sentido, esteja ele oculto por afetos inomináveis, ou mesmo por aparências impossíveis. Não importa. Há que se buscar acolher o sentido, sem o que tudo o mais deixaria de valer a pena.
Antes, porém, não é em vão aproximar-se analiticamente, para fazer aparecerem as primeiras pontas do fio em questão, cujos nós se sugerem inssolúveis.
Analisar implica decompor, desfazer e rever as conexões, algo bastante útil quando ainda não se tem como saber pra que lado o fio tenderá.
Freudiano como não sou, talvez demande, ainda assim, uma auto-análise. As análises bem se prestam a tratar inicialmente emergências muito enredadas.
Depois, há que se buscar o sentido, esteja ele oculto por afetos inomináveis, ou mesmo por aparências impossíveis. Não importa. Há que se buscar acolher o sentido, sem o que tudo o mais deixaria de valer a pena.
Antes, porém, não é em vão aproximar-se analiticamente, para fazer aparecerem as primeiras pontas do fio em questão, cujos nós se sugerem inssolúveis.
Analisar implica decompor, desfazer e rever as conexões, algo bastante útil quando ainda não se tem como saber pra que lado o fio tenderá.
4.7.05
MALES
Há que se concentrar nas angústias, nas perdas,
nos momentos de tristeza e de atribulação
Há que se manter coeso, pra que essas dores não dissipem,
como nuvens traiçoeiras, dissimuladoras dos temporais.
Há que se burilar os rancores; os medos, fazê-los muitos.
Há que se duvidar da vida, e a cada vacilo dela, ameaçá-la
pois a vida teme mais a seu algoz que o tempo à quietude.
Há que se fazer presente nas indecisões do tempo,
surpreendê-lo com cronômetros e rugas.
Há que se implicar os males,
na busca da perfeição inexistente, mas bem-vinda
da primeira vez de tudo.
Há que se concentrar nas angústias, nas perdas,
nos momentos de tristeza e de atribulação
Há que se manter coeso, pra que essas dores não dissipem,
como nuvens traiçoeiras, dissimuladoras dos temporais.
Há que se burilar os rancores; os medos, fazê-los muitos.
Há que se duvidar da vida, e a cada vacilo dela, ameaçá-la
pois a vida teme mais a seu algoz que o tempo à quietude.
Há que se fazer presente nas indecisões do tempo,
surpreendê-lo com cronômetros e rugas.
Há que se implicar os males,
na busca da perfeição inexistente, mas bem-vinda
da primeira vez de tudo.
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