27.3.09

IDADE

Não deixe o pensar te enganar
Apenas veja:
Todos morrem com a mesma idade
Com qualquer idade que seja

Desse absurdo não fuja pela lógica
Não rejeite por qualquer operação do intelecto
Não cogite
Cuspa esta veleidade
Abandone aquela pérfida à míngua
Cuidado: a razão menos revela e mais omite
Escape pela culatra do sexo
Aos berros, se quiser,
Mas perceba:
O tempo é o anjo de guarda
A cada um, dá de passar diferente
Vagaroso, sonolento, frouxo
Ansioso, ríspido, insolente
Não olhe o relógio
Não repare o calendário
Antes de tais invenções
O tempo já havia
Gente já se morria, já se amava
Já se entediava, gente se enternecia

Antes de haver documento
Nada era mais rápido
Tampouco mais lento
A natureza é si mesma
Desde a aurora primeira
Mas então só se sabia do tempo
Como seqüela da verdade
Revelada no Éden a Eva
De que todos morrem com a mesma idade