26.3.07

FESTA

Dizer que ela mexia as cadeiras, além de clichê e vulgar (ela não merece isso), seria largamente mentiroso.
Ela era uma superioridade indulgente, uma beleza simpática, daquelas cujo vislumbre dá um "Deus me livre" na espinha, um gelado na barriga, um tremor mais embaixo. Principalmente, lá pelas tantas, um tremor mais embaixo.
Na festa, não se espalhava como umas e outras. Dava-se aos goles, passando, ora pra cá, ora pra lá. Dançando, discreta. Sorrindo, discreta. Mexendo no cabelo, como se não o fizesse.
Não era fácil imaginar-se confessando à beldade os desejos mais profundos que sua presença era capaz de provocar. Ela parecia que não entenderia, ou que se ofenderia. Não era mulher pra essas sujeiras.
Mas a cabeça só fazia pensar que era.

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