20.2.06

ESTRANHO

Estranho esse teu ar indolente agora
Julgava que já o tivesses em vida
Como estranho essa tua barba crescida
Teu não nos saber, teu não respirar
Estranho a frieza de teu funeral
Num dia quente de um verão precoce
E o imponderável de uma frase certa
Mocinhos sempre morrem no final
Estranho teus espectadores últimos
E todas as histórias que derramam
Estranho as flores no teu colo murcho
E a ausência dos filhos que não tiveste
Cobiço um verso solto, tão redondo
que brote apenas da extrema estranheza
e não da dor.

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