3.4.06

ESCRITA

a escrita é o burilar de uma horda inquieta,
genérica, nômade
peças dispersas de um maquinário incerto
espelho de um estar no mundo
extático ou discreto, às pressas

Insaciáveis enquanto primevas
são mal dotadas de pensamentos
cujas dores, rancores e outros ais
vêm dar direto no cais de porto de cada sina
humana, como lobos em matilha a presa a rodear
e co'a violência do mar que dá na pedra,
como a uma sombria amante
no leito onde turbilhonam-se os seixos rolados
e o escuro ousa o brilhante
a letra se despe da noite mais negra
e oferece aos incautos seus beijos de amor

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