6.7.04

ABERTURA

O nível dessas divagações está muito aquém da sua expectativa.
Não, você não sente nada por mim, nem me considera digno de qualquer valor, mas sei que a gente sempre espera.
Quanta frustração você tolera? Sabe ser surpreendido pelo que não quer?
O mundo acontece à sua revelia - já notou? Sua vontade é uma gotinha no oceano do mundo.
E, de repente, parece que já engatamos uma conversa.
Só eu falo? Não sei, não iria mesmo lhe ouvir. Se quiser, fale sozinho também. Dialoguemos em solidão.
Quem sabe daqui a pouco não viramos amigos e esquecemos aquela história de expectativa.

Não. Melhor não.
Não quero que você me considere por amizade. Agradeço, mas não.
Por favor, não insista!
(Desculpe a ousadia, você não ia mesmo insistir)
Então é isso. Não sou seu amigo e escrevo coisas que não cabem a sua expectativa.
Mas isso não quer dizer nada. Você pode até gostar. Duvido, mas pode.
Por que então teria chegado até aqui, lendo essa porcaria? Foi isso, gostou? De novo, duvido.
Talvez você tenha pena. Raiva. Vergonha. Medo. Indiferença. Isso também não diz nada. Você precisa é de vontade. Essa é a condição necessária e suficiente. Sine qua non.
Sim, sua vontade vale alguma coisa.
É uma gota que molha, que chega a incomodar. Estou agora em poder da sua vontade. Você pode me descartar, jogar num canto. Pode esfacelar meu corpo; bater na minha cara. Pode me querer morto. Pode me afagar até eu gozar na sua cara. Sei lá. Lembre: não somos amigos.
Faça alguma coisa. Qualquer uma. Por gentileza.

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