5.8.04

TRAÍDO

Não precisa agradecer; não faço pra agradar.
Quando a conheci, tive no sorriso um sol e uma lua cujas existências nunca ousara conceber.
Eu a levo pra passear, distrair da rotina, respirar novos ares, até esquecer um pouco da vida, enquanto seu comportamento deixa a desejar. Eu digo e mostro a ela uma vida que vale a pena. Eu ofereço um colo e um ombro, coisas muito úteis depois dos seus ataques de fúria. Você não pode imaginar como ela fica triste, desanimada. Não pode saber como fazem bem os carinhos. Eu pago um vinho, a levo para um lugar tranqüilo. A gente conversa bastante, dá boas risadas, e faz outras coisas também (das quais faço absoluta questão de lhe poupar).
Você há de concordar: ela merece muito. Se você não faz a sua parte, deve estar percebendo: tenho tentado fazer a minha.
Não pense que é fácil. Quem mais sofre sou eu.
Sou pra ela apenas um bom companheiro – um palhaço, se você preferir. A mim não resta mais que um punhado de aplausos. De resto, vivo numa solidão que você simplesmente desconhece.

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