30.6.04

DO ORIGINAL 06.01.99

Deu-nos livro aberto. Cento e noventa e duas páginas em branco indiscutível.
Pus-me a escrever – sua mão sobre a minha.
Começamos narrativa simples, polvilhada por silêncios longos, de descanso, e descrições pastéis.
Ao tempo de um susto, tornamos violência a violação. Começamos densa trama de emoções inconfessáveis.
Aperto o lápis – sua mão quase foge.
O leitor – ansioso - acompanhava cada letra em busca dos tijolos-significado que iam construindo o edifício alto do sentido.
Não lhe pediram cuidado, mas que tivesse. Um livro grande demais sempre é risco de decepção. O drama só termina no que desvelam as entrelinhas, nos não-ditos e malditos. Qualquer desenlace é possível, desde que sempre mantidos claros os motivos do autor.
Ao fim da última frase, traído o leitor. Perdera tempo com obra ordinária. Não fora avisado, mas que fosse. Comprara um livro que não lhe pertencia.

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