19.6.04

TÉDIO

Minhas horas às voltas com o mundo patético.
Meu tédio de mal com as horas, que não passam.
Uma solidão cortante, um nada doendo no osso.
Ódio consola.
Mulher não olha pra mim. Homem quer me ver pelas costas. Mãe não. Mãe é Virgem Maria, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Nessas horas, música é barulho, arroz com feijão é crack e heroína. E eu sou um deus, que olha pra tudo que criou e vê que tudo é uma merda.
Vai precisar de exorcista dos bons. O cão, quando sai das entranhas do inferno, não vem pra brincadeira.
Tudo toma outra proporção. Muito. É excesso. Mas eu não chora nunca.
Eis o ponto vital, seu cuzão! Eu não chora. Porque, mesmo fudido, ainda estou na carne e no molho do mundo, e juro por tudo que é mais sagrado que quero casar com essa moça que está sentada na sala ao lado. Com festa e tudo.

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